quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Entrevista com Murilo Rosa





Em Desejo Proibido, seu personagem aborda uma questão delicada, que é um padre se apaixonar. Você já foi chamado de pecador nas ruas?
Não. A emissora já fez uma pesquisa e 92% das pessoas consultadas querem que o padre Miguel abandone logo a batina e viva sua história de amor sem medo com a Laura. Quando alguém está em crise com sua vocação, é porque não tem mais aquela vocação. Já aconteceu uma cena em que ele confessava ao Padre Inácio que o amor que sentia por Laura era maior do que a vocação. Ele quer continuar sendo um homem de Deus, mas vai fazer isso de outra forma. Não houve rejeição.

Você vem de uma família católica. Sua relação com a religião mudou desde que passou a interpretar um padre?
Passei a respeitar muito mais as pessoas envolvidas com religião. Na preparação para fazer o Miguel, passei três dias em um mosteiro, que fica a 100 quilômetros de Curitiba. Lá vivem 25 monges e 11 deles já fizeram voto perpétuo, quer dizer, vão ficar lá para sempre. Eles oram, lêem e estudam muito. São bastante cultos. Noventa por cento das pessoas envolvidas com a igreja são maravilhosas, estão em missões na Amazônia, trabalhando com pessoas doentes. A igreja católica tem uma história fascinante, mas é comandada por homens e, por isso, cometeu erros como a Inquisição, que todo mundo gosta de enfatizar. O que não dá é para se prender a esses acontecimentos e generalizar. Mas como as pessoas têm uma tendência à maldade, enfatizam os problemas com padres pedófilos e coisas do tipo.

Já entendi que se o padre for bonitão ele chama mais a atenção...
Chama a atenção, mas de um jeito diferente. O Dinho, de América, era um personagem totalmente aberto, não tinha proibições, falava o que queria e realizava suas fantasias com a Neuta, da Eliane Giardini . No caso do padre Miguel, ele não sabia o que é ter essa liberdade para viver um amor. É um cara puro, sem maldade. Às vezes as pessoas fantasiam uma imagem sobre essa figura.

O casamento com a modelo Fernanda Tavares e o nascimento de seu filho Lucas interferem nessa sua opinião?
Com certeza. Atingi a felicidade máxima na minha vida pessoal e, profissionalmente, estou fazendo uma novela bonita na melhor emissora da América Latina. Não ignoro tudo isso. Na minha vida eu quero cuidar da minha família e fazer bons trabalhos.

Um passo de cada vez
Murilo Rosa não conheceu o sucesso logo de cara. Muito pelo contrário. O próprio ator brinca com sua estréia na televisão. Foi em 1994, na novela 74.5 Uma Onda no Ar, da extinta TV Manchete. "Acho que só meus pais, minha tia e alguns amigos assistiam. Tinha um ou dois pontos de audiência", recorda. Em seguida, veio Antonio Alves, Taxista, no SBT. Outra produção que não foi nenhum estrondo. "Mas foi quando comecei a receber alguns elogios", ressalva. O cenário melhorou bem com Xica da Silva, também da Manchete, um folhetim de razoável sucesso. Murilo interpretava o protagonista jovem da trama, Martim. "Foi aí que dei o meu grande passo. Meu trabalho subiu um degrau", avalia. E a carreira não desandou mais. Ele ganhou mais outro papel importante em Mandacaru e não demorou a ser chamado por Jayme Monjardim para interpretar um personagem na segunda fase da minissérie Chiquinha Gonzaga, de 1999. Desde que fez esse trabalho, nunca mais deixou a Globo, emissora com a qual tem contrato até 2011. "Sem falsa modéstia, tenho uma carreira muito bem construída", enfatiza o ator que, um dia, estudou Educação Física em Brasília e sonhava em ser atleta.

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